2 de jun. de 2011

A quentinha.

Ela era morna. Morna como o sol de uma manhã de primavera entrando pela janela. Morna como um gole de chá. Morna como... bom, era bem morna. Mas ela não era feliz sendo morna.
Então ela conheceu nosso frio herói, o sujeito que não parava de tremer há poucos posts atrás. Além de achar ele um pão, ela pensou que ele era peculiar. Que a massa de ar frio que ele gerava era tudo que ela procurava pra se refrescar. E que era possível derreter algumas camadas daquele gelo.
Por um bom tempo houve uma troca bacana de temperaturas. Sempre frio ou quente, era quase impossível que ambos ficassem plenamente satisfeitos ao mesmo tempo. Culpa das nuvens carregadas formadas pelo atrito entre o quente e o frio. Muita neblina, ninguém conseguia enxergar o que tinha do outro lado do nevoeiro e ficavam reféns de boletins meteorológicos e de palpite dos vizinhos. E os vizinhos sempre achavam que vinha chuva.
Esse chove e não molha durou mais tempo que devia, até que a mocinha decidiu que seu fogo ainda era jovem demais pra desperdiçar com o gélido rapaz. E foi embora determinada a encontrar um coração apto a ser propriamente aquecido.
O último boletim do tempo nos traz informações de que a mocinha reclama frequentemente de calor e pede a deus por um vento fresco. O rapaz ainda não saiu de sua era glacial particular mas jura de pés juntos que está bem assim. Se estão mesmo felizes ninguém sabe.

2 comentários:

  1. Ninguém tá feliz com o que tem! E essa é a regra.
    Eu desconfio de quem é feliz com o que tem.

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  2. gostei do conto, uma delícia de ler. parabéns, blog muito inspirador.

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